Salve, pessoal! Aqui estamos, começando com o pé direito essa nova fase do The Book Zine com uma banda tradicional e sólida no cenário nordestino, prestes a lançar seu novo álbum. Com vocês, Obskure, do Ceará!
Amaudson Ximenes – O grupo foi concebido em maio de 1989, no
bairro do Parque Araxá, tradicional reduto roqueiro na cidade de Fortaleza.
Atualmente, o grupo é formado: Amaudson Ximenes (guitarra), Daniel Boyadjian
(guitarra solo), Jolson Ximenes (baixo), Wilker D’ângelo (bateria), Fábio
Barros (teclado) e Germano Monteiro (vocal). Os quatro primeiros integrantes
estão na banda desde o primeiro CD “Overcasting”. Fábio entrou para o grupo em
2003, e Germano em 2006. Com essa formação gravamos o novo álbum “Dense Shades
of Mankind”, que neste momento encontra-se na fábrica para prensagem.
Quais são as influências presentes no som da banda?
Amaudson Ximenes – Death metal, heavy metal, grind core,
literatura marginal, cotidiano etc.
Houve uma evolução de estilo bem perceptível desde o Overcasting até as
músicas mais recentes que estão no Myspace da banda. Podemos esperar essa
faceta mais agressiva para o próximo álbum?
Amaudson Ximenes – O novo álbum é
bem mais extremo do que o “Overcasting”. Tem músicas bastante trabalhadas,
intensas, extremas que vão do death atmosférico passando pelo grind core.
Existem composições inéditas e uma gravação da primeira Demo-tape “Uterus and
Grave”, gravado em 1990. O novo álbum teve seu lançamento adiado diversas vezes
por conta da instabilidade da formação. Com a formação estabilizada desde 2006,
finalmente conseguimos terminar as composições, gravá-las e materializá-las.
Tocando na questão do álbum, há planos ou previsão para um relançamento do
Overcasting?
Amaudson Ximenes – No momento
não, a nossa preocupação é com a divulgação do novo trabalho “Dense Shades of
Mankind”. Divulgá-lo o máximo, tocando nos mais diferentes locais do Brasil e
do exterior.
Overcasting, primeiro álbum full da banda. |
Apesar do tempo de carreira da banda, vocês tocaram pouco por aqui até o
momento. Há planos ou possibilidades para passar por aqui para promover o novo
álbum?
Amaudson Ximenes – Como havia
dito anteriormente, se tivermos oportunidade estaremos novamente nos
apresentando na cidade de São Paulo. A última vez que tivemos por ai foi em
2008, ocasião da seletiva do Metal Battle. A apresentação ocorreu em julho de
2008 no Manifesto Bar.
A região Norte sempre teve uma cena bem saudável e fértil, embora muito do que seja feito por aí não chegue ao resto do país. O que, em sua opinião falta para que haja uma melhor divulgação das cenas locais ao longo do país?
Amaudson Ximenes – Acredito que
foi região Nordeste que quis dizer. Na verdade, a divulgação dos grupos do
Nordeste tem até melhorado com o advento das redes sociais e da internet. O que
falta na minha opinião são mais eventos nas
duas regiões em que os grupos possam interagir mais. Sei que o Brasil é um país
de dimensões continentais e acaba por inviabilizar muitos desses projetos por
conta das distâncias, da precariedade dos acessos e do alto custo de
deslocamento, seja de forma terrestre ou aérea. Entretanto, acredito que um dia
possamos vencer essas dificuldades.
Existe uma boa mobilização entre as bandas underground locais? Ou as coisas
acabam sendo mesmo na base do "cada um por si"?
Amaudson Ximenes – No caso do
Ceará, existem muitas experiências coletivas que acabam contribuindo bastante
para o crescimento da cena underground. Aqui em nossa cidade existe a
Associação Cultural Cearense do Rock (ACR), a qual somos um dos grupos
fundadores que tem conseguido abrir diversas portas junto ao poder público,
principalmente. Existe o ForCaos, festival tradicional responsável pelo
intercâmbio de grupos de diversas regiões do país (www.youtube.com/forcaostv). O
evento existe há 14 anos. E diversos grupos já passaram pelo evento: Taurus,
Krisiun, Stress, Vulcano, Decomposed God, Headhunter D.C, Violator, Funeratus
entre muitos outros do gênero.
Festivais como BNB do Rock
Cordel, promovido pela rede de Centro Culturais do Banco do Nordeste, também é
outra experiência bem sucedida. São mais de 150 grupos por edição, o festival
acontece de forma gratuita, sempre no mês de janeiro. Diversos gêneros do rock
são contemplados indo desde o alternativo, passando pelo heavy metal ao metal
extremo.
E quanto à interação entre diferentes cenas? Ocorre tranquilamente, ou existem atritos entre metal e hardcore, por exemplo?
Amaudson Ximenes – No estado do
Ceará, esse tipo de atrito, de diferença não é empecilho entre os grupos, entre
o público existe em alguns momentos acontece estranhamento quando se mistura
demais os estilos, mas entre os grupos normalmente não acontecesse, pelo menos
no pessoal ligado a ACR, que é onde dou mais atenção. O pessoal se respeita
bastante, sai para conversar, beber junto etc. O ambiente é tranquilo. O
respeito é fundamental nesses momentos, uma vez que temos um inimigo maior que
é o preconceito do chamado senso comum, da grande mídia e do conservadorismo.
Se ficarmos nos matando e digladiando não vai sobrar nada e só vamos fazer o
jogo do sistema.
Uma questão que não pode ser deixada de lado: qual é a sua opinião a respeito do cristianismo e do metal cristão? Você considera possível uma banda manter sinceridade com relação ao metal e com relação às suas crenças religiosas simultaneamente?
Amaudson Ximenes – A gente sabe
que existe muito oportunismo por parte das igrejas que se utilizam desse
mecanismo para atrair a sua “clientela”. Uma estrutura monstruosa de igrejas e
muito dinheiro injetado. A música, em particular o metal e suas variações, é
uma forma eficiente de fazer a cooptação de músicos e do público. Não concordo
com essa prática, entretanto, não dá pra combater utilizando-se da força
física, da intimidação, como vejo acontecer normalmente. Esse tipo de prática
se combate com inteligência, com uma crítica bem fundamentada. Conheço alguns
músicos que dizem se sentir felizes tocando e levando as mensagens cristãs para
o seus fiéis. Assim como existe a opção dos satanistas por louvarem o satanás,
existem os cristãos em louvar a deus.
Acaba sendo fanatismo, acaba sendo religião do mesmo jeito. Acaba sendo
a música, o metal, um veículo de louvação, de arrebanhamento de fiéis, da
formação de pequenos grupos, de fanatismo, verdadeiras fábricas de
conservadorismo.
Obrigado pela colaboração e pelas respostas, Amaudson. Fique à vontade
para dar sua mensagem para os leitores.
Amaudson Ximenes – Obrigado pelo
espaço, esperamos em breve está presenteando a todos com o novo CD “Dense
Shades of Mankind”, que apesar do atraso de mais de três anos, deve sair ainda
este ano.
Um forte abraço a você Heder e a
todos os leitores.
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