Resenha: Angra - Ømni

Bom, aqui está uma resenha um tanto complicada de se fazer. Este álbum  tem muitos ângulos pelos quais pode ser observado, cada um deles sendo uma  história diferente, uma resenha diferente. Qual dessas resenhas estou fazendo? Difícil dizer, até (ou principalmente) para mim mesmo.
Eu posso assumir o ângulo do distanciamento emocional e indicar que se trata de um disco que prima pelos aspectos técnicos, como execução e produção. Ou posso, por outro lado, enveredar pelo lado do fã de metal e especificar que em alguns momentos o estilo adotado envereda pelas semelhanças com o metal sinfônico holandês (Epica, After Forever, Within Temptation e por aí vai...).
Outra possível interpretação seria resgatar o lado do adolescente que achava o Angra a melhor banda do mundo 22 anos atrás, caso no qual eu seria forçado a demonstrar certo descontentamento com o uso dos vocais guturais de Alissa White-Glutz, do Arch Enemy, na faixa Black Widow's Web; seguindo um pouco mais por essa linha de raciocínio, também poderia chegar ao fã radical de metal que acharia ofensivo uma banda de metal chamar  uma cantora pop como Sandy, que é praticamente um retrato inverso de Alissa e, porque não, uma realidade paralela em relação ao metal. Claro que também podemos, conforme abrimos os olhos para as variadas interpretações possíveis, até mesmo apontar que neste álbum temos a participação de duas mulheres como vocalistas convidadas, ambas oriundas de estilos musicais tão díspares entre si quanto em relação ao próprio Angra.
As possibilidades de interpretação não param de se desdobrar. Quanto mais penso sobre elas, mais percebo as infinidades de facetas que o Angra, no decorrer de suas já quase três décadas e seu histórico de ex-membros de destaque, acumulou. Talvez nem mesmo seja exagero, nesse contexto de diversas facetas e diversos ex-membros que em algum momento foram os elementos definidores da identidade da banda, comparar Angra com Napalm Death, quem sabe?
No final dessa tour de force em uma digressão prolongada, entre tantas facetas, conseguimos decantar o Angra de Ømni em duas facetas possíveis: uma, a da banda que abandonou as características que a definiam no início da carreira e que foram responsáveis por conquistar uma parcela significativa de seus fãs; a outra, a da banda que abriu os braços para as mudanças que inevitavelmente ocorrem ao longo de um período de mais de duas décadas.
Cada ouvinte é livre para escolher qual das duas facetas mais lhe agrada nessa dicotomia. Ou, em vez de interpretar uma dicotomia, compreender opostos complementares. O Yin e o Yang. O todo.
O Angra não é mais o que já foi. O Angra é o que ele é.
(Eu avisei que essa resenha era complicada...)

Comentários

  1. Gostei da resenha, falou do disco de forma imparcial para o leitor tirar suas conclusões depois de ouvir.

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