Resenha: Der Baum - Guarujá Nights

Bom, aqui está um álbum que me surpreendeu positivamente. Usando influências vindas diretamente dos anos 80, sem intermediação dos quase 30 anos que separam 1989 de de 2018, o Der Baum consegue a façanha de soar como algo vivo, fresco, muito mais como parecido com a sensação de ouvir pela primeira vez nomes como U2, B52's e Capital Inicial eras atrás, do que a sensação de ouvir essas mesmas bandas nas caixas de som de um bar escuro da Augusta com uma atmosfera com cheiro de cigarros baratos e vinho em garrafa de plástico. A atenção aos detalhes é o que me cativa, como os teclados em Você passou e a guitarra a la The Edge em seus melhores momentos em Outra Vez, compondo um conjunto que em momento nenhum soa como um pastiche, mas ao mesmo tempo é um festival de referências (e reverências, porque não?) muito bem costuradas, tanto em sonoridades quanto em temas (afinal, há uma faixa chamada videocassete!), além de mostrar uma formação muito bem costurada e versátil entre as diversas facetas daquilo que muitas vezes é jogado no mesmo balde apenas como "som dos anos 80". Sabem, às vezes, resenhar música pode ser uma aventura. Vamos tentar ser um pouco mais claros no que eu quero dizer aqui: não é segredo para ninguém que eu não sou nenhum fã de nostalgia, saudosismo e idealização dos anos 80, chegando de fato a ativamente fugir de qualquer coisa que me pareça cultuar demais uma década que já acabou faz quase 30 anos. Também não é segredo nenhum que eu costumo associar muito saudosismo com falta de criatividade, com esterilidade artística, mesmo. Então podem ter certeza, a aventura aqui para mim foi me embrenhar naquilo que eu achava que só poderia ser terra árida e lá encontrar a fonte da juventude.

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