Resenha: Memoriam - The Silent Vigil

Todas as bandas, das mais novatas às mais clássicas e reverenciadas, sem exceção, têm sua história. Algumas, no decorrer do tempo, chegam a desenvolver sua própria lenda, muitas vezes chegando a criar um legado. Uma banda que siga o legado de outra banda lendária lida, ao mesmo tempo, com o desafio de construir sua própria identidade musical e de demonstrar seu respeito à banda cujo legado se projeta sobre ela como a sombra de seus ancestrais.
O caso do Memoriam, aqui, transita um pouco entre cada uma dessas categorias; a banda foi formada das cinzas do Bolt Thrower (que juntamente com o Benediction é um dos maiores nomes do death metal inglês e, porque não, da própria velha guarda do death metal tradicional como um todo) após a recente morte do batera Martin Kearns, em 2015.
Embora seja muito agradável ouvir uma continuação espiritual do Bolt Thrower (o álbum como um todo soa como algo que poderia ter vindo da banda antiga, sendo até mesmo difícil destacar momentos em que essa semelhança seja mais enfática), é inevitável questionar o fato da banda permanecer tão apegada às raízes de sua encarnação anterior. Claro que o legado do Bolt Thrower é indiscutivelmente valioso, mas não se pode negar que parte importante do valor de um músico criar uma banda nova em vez de manter uma anterior está justamente em tentar coisas que não foram tentadas anteriormente.
Assim, temos aqui um ótimo álbum com o mesmo padrão de qualidade Bolt Thrower que em muito deve agradar os fãs órfãos dessa ótima banda, mas ao mesmo tempo fica registrada minha esperança de que a banda se livre das amarras de um passado que deve ser respeitado, com toda certeza, mas não deve ser uma prisão.
Álbum no Spotify: https://open.spotify.com/album/0HuA8DbmThe0PZluz1ZcPH?si=ic_3a3O7S1C2L7UmGR-thg

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