Sincronicidade.
No mesmo dia em que estava pensando sobre como seria uma boa escrever um post sobre este livro, assisti um filme que abordam temas raciais (Marshall, com Chadwick Boseman) e no dia seguinte um dos podcasts que acompanho pelo Spotify (Lado Black) lança um episódio falando exatamente sobre anarquismos negros e colonialidade (no qual, inclusive, citam este livro).
E qual é a deste livro, afinal de contas? Trata-se de um caprichado apanhado de textos em que o autor, veterano americano combatente da causa da emancipação negra, reflete sobre o anarquismo, a luta negra e as diversas interfaces de troca entre ambas, servindo muito bem tanto como um pontapé inicial para pessoas interessadas no anarquismo que ainda não saibam exatamente por onde começar a se informar, como para aquelas interessadas em pautas do movimento negro e que igualmente desejem se informar a respeito. Já para leitores familiarizados com um ou outro dos movimentos, o grande valor deste livro está na exposição de elementos que podem se articular entre ambas as lutas, enriquecendo as perspectivas de ambas, fazendo com que a luta para a revolução negra, ao assimilar elementos anárquicos, se afaste do risco da reprodução de um classismo interno entre aqueles que em tese combateriam justamente o classismo, ao mesmo tempo em que o anarquismo, ao assimilar elementos das lutas negras, aumenta o seu cabedal de táticas e pautas visando a emancipação, resistência e desenvolvimento da autonomia humana.
Na ocasião do lançamento de sua versão impressa, na VI Feira Anarquista de São Paulo, em 15 de novembro de 2015, a tiragem do livro se esgotou no mesmo dia, tendo permanecido sem reimpressão (mas com sua versão digital ainda disponível online) até 2017, quando o Coletivo Editorial Sunguilar e a Biblioteca Terra Livre, em conjunto, disponibilizaram uma nova tiragem, com parte da receita de sua venda sendo revertida para auxílio da família de Rafael Braga, jovem negro e pobre preso durante as manifestações de 2013 (sem nem mesmo fazer parte delas, apenas sendo mais um alvo preferencial para a máquina de exclusão do capitalismo), então não perca chance e dê seu primeiro passo para ajudar a criar um mundo melhor. Uma pessoa por vez.
Confira o podcast Lado Black #58 sobre Anarquismos Negros e Colonialidade (também disponível no Spotify)
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