Resenha: Alice in Chains - Rainier Fog

Nunca fui lá nenhum grande fã do Alice in Chains. Isso nem chega a ser segredo e creio que seja até corriqueiro entre fãs de heavy metal. Mas depois de ter visto a banda, ao abrir para o Judas Priest, tocar com um vigor que quase me fez esquecer que vinha outra banda em seguida, foi inevitável olhar para eles com outros olhos e abrir mão um pouco daquela teimosia, digo, obstinação tipicamente headbanger e dar uma atenção a este disco apenas sob a ótica da música pesada de qualidade. Então, vamos lá mergulhar neste nevoeiro chuvoso e cinzento.
Temos aqui uma revisitação bem elaborada daquela atmosfera densa do álbum auto-intitulado de 1995, alternando montanhas de riffs sabbáthicos como em Red Giant, Drone, So Far Under e a faixa-título (que tem de tudo para fazer a alegria de qualquer fã de stoner metal), com outras mais tranquilas, como Fly, Deaf Ears Blind Eyes, Never Fade e outras com um sentimentalismo melancólico intimamente ligado ao blues, como All I Am e Maybe (esta última tendo até um certo parentesco com os antigos spirituals americanos). Tudo isso vem temperado com o instrumental afiado de uma formação que já está junta por mais tempo do que a idade de boa parte de seus fãs (pois é, eles ainda por cima conseguem renovar sua fanbase) e os vocais divididos entre o guitarrista Jerry Cantrell e o vocalista William DuVall, que prova com toda a tranquilidade estar à altura das melhores performances do finado Layne Staley. É um disco e tanto, ótimo para se ouvir ao fim de um dia de trabalho cansativo, jogado no sofá e esquecendo das coisas da vida.

Vídeo da faixa "Never Fade":

Comentários