Publicações: Shazam - Álvaro Moya (organizador)

Aproveitando o clima de CCXP 2018, que tal um mergulho em uma fase mais antiga da história dos quadrinhos?

Nesta coletânea de textos editada em 1977 pela Editora Perspectiva, temos discussões analisando por diversos ângulos esta forma de entretenimento e arte; temos desde textos abordando a gênese desse formato (Era uma vez um menino amarelo, assinado pelo próprio organizador), até outros que adotam ângulos voltados à psicologia, pedagogia e comunicação de massa.
A partir do artigo As taradinhas dos quadrinhos, temos um bloco (composto pelo já mencionado As taradinhas dos quadrinhos e complementado por Space-comics: um esbôço histórico e História (dos quadrinhos) no Brasil) focado no desenvolvimento histórico de gêneros específicos (erótico e ficção científica) e do próprio cenário dos quadrinhos nacionais. Na minha humilde opinião, é nesse bloco que o valor do livro se mostra sem nenhuma inibição, com os autores destilando conhecimento enciclopédico sobre as temáticas abordadas e apresentando referências que na maioria eram desconhecidas para mim. Sem exagero nenhum, foi aqui que o preço do livro se pagou para mim.
O bloco de artigos seguinte é de natureza mais técnica, abordando argumento e narrativa (em História em quadrinhos e seu argumento), técnicas de impressão (Muito obrigado, Sr. Johann Gutemberg) e onomatopeias (Onomatopéias nas histórias em quadrinhos).
O livro conclui com uma ambiciosa cronologia de onze páginas, traçando as origens dos quadrinhos desde rabiscos rupestres de 30.000 AC até 1970. E é justamente aí que somos confrontados com o calcanhar de Aquiles do livro: ser tão marcadamente datado (obviamente, não por culpa dos autores) e não dar conta de lidar com tantos desenvolvimentos posteriores do ramo, como a proeminência internacional do mangás. Esses pontos fracos poderiam facilmente ser resolvidos pela editora com uma nova edição atualizada, embora com o falecimento de Álvaro Moya, eu não faça ideia de como se daria a organização, mas nomes que teriam calibre para isso não faltam (de cabeça já penso em Sidney Gusman, do site Universo HQ e com um belo histórico de trabalho editorial). De qualquer maneira, o livro permanece como um belo recurso de referência para nomes não tão populares que merecem um resgate e, principalmente, como porta de entrada para quem quiser conhecer o quadrinho para além de sua dimensão puramente consumista e comercial.
O livro, apesar de antigo, ainda consta em catálogo no site da editora, que fica linkado aqui, mas é muito fácil encontrá-lo em sebos (como eu o fiz).

Shazam!
De Álvaro Moya (organizador)
338 páginas
1977

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