Às vezes, encontramos materiais impressionantes onde menos esperamos. O exemplo em questão é um quadrinho de horror que conheci na última edição da Feira Anarquista de São Paulo. O que há de inesperado nele é justamente o QUANTO ele é divergente das demais publicações da mesma editora, como pode ser confirmado acessando o link ao final desta resenha.
E do que se trata essa história, afinal? De um terror do tipo sujo, em que a presença do paranormal em vez de seguir por uma vertente gótica, se mostra mais inclinada para o niilismo, temperada com uma dose saudável (ou sufocante) de paranoia religiosa e de um certo moralismo sexual, tudo acompanhado de um traço frenético, sujo, carregado. O saldo geral da obra traz à mente uma certa inspiração no cinema de Zé do Caixão (questões de sexualidade exageradas, enquadradas de forma a beirar a monstruosidade antes mesmo de incluir o elemento sobrenatural) com arte que remete aos momentos menos caricatos de Lourenço Mutarelli, com muito clima sombrio e digno de um pesadelo em preto e branco.
Para melhorar o efeito recomendo: ler em casa, sozinho, com o sol perto de se por, com nuvens pretas de chuva se agrupando e com Aura Noir tocando no último volume.
Site da editora: http://www.gato-preto.com (sério, este álbum está 100% deslocado no portfólio deles!)
Página no Facebook: https://www.facebook.com/editoragatopreto/
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